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Alunos da Casa do Brasil escrevem resenhas de obras-primas da Literatura Brasileira

Escrever em um idioma estrangeiro de forma impecável é um desafio até mesmo para os mais valentes e disciplinados aprendizes, principalmente quando você começa a aprender depois de certa idade, sem ter tido o privilégio de uma educação bilíngue e sem ter vivido por muitos anos no país cujo idioma você está aprendendo.


Sobre este assunto, a escritora estadunidense Jhumpa Lahiri escreveu para a revista The New Yorker um longo artigo chamado “Exile”, contando suas inúmeras frustrações em seu processo de aprendizagem de escrita em italiano, chegando a afirmar que para alcançar seu objetivo teve que se “exiliar” de seu idioma materno.

(Jhumpa Lahiri - Escritora americana trilìngue)

Portanto, aprender a escrever perfeitamente em outro idioma é um caminho longo e pedregoso, mas apesar de alguns especialistas afirmarem que esse objetivo é praticamente inalcançável, a história não deixa de nos surpreender com exemplos que os contradizem.


Poderíamos explorar vários casos, mas talvez o mais famoso deles seja o famoso escritor Joseph Conrad, conhecido erroneamente como um dos maiores escritores ingleses de todos os tempos, já que na verdade ele não era inglês e sim polonês.

  • Estudos de caso

Após ter nascido e crescido na Polônia, Conrad foi ter o primeiro contato com a língua inglesa aos 21 anos, quando se mudou para a Inglaterra a trabalho, mas isso não o impediu de aprender escrever em inglês bem o suficiente para que anos mais tarde publicasse “The Heart of Darkness” (Coração das Trevas), uma das maiores obras-primas da literatura inglesa de todos os tempos, que serviu de inspiração para o filme “Apocalypse Now”, dirigido por Francis Ford Coppola em 1979.


Ainda que se notasse em seu estilo literário ou na composição de suas frases algo “odd” (estranho) para os padrões formais do inglês de sua época, isso só aumentou a sensação de originalidade criativa de sua escrita e contribuiu para a realização do que os críticos chamam de “literatura impressionista”.


Isso significa que escrever bem em português sendo estrangeiro não é impossível.


Confira abaixo a prova para essa afirmação com as resenhas feitas pelos alunos da Casa do Brasil.


(Professora Paula Monteiro Mendes e alunos da Casa do Brasil)

A Casa do Brasil, instituição conhecida por proporcionar aos alunos de português uma aprendizagem intercultural, inclui como parte do programa de estudos dos 8 níveis de português a leitura de várias obras (não adaptadas) da literatura brasileira, bem como a produção escrita, por parte dos alunos, nos diversos gêneros textuais pelos quais qualquer brasileiro com educação formal pode transitar em seu cotidiano.


Partindo daí, vale a pena apresentar aqui alguns resultados muito positivos desse esforço mostrando trabalhos feitos pelos alunos da professora Paula Mendes. Eles tiveram como tarefa escrever resenhas para diferentes contos que leram durante o curso de nível 6 de português.


  • Resenha

Escrever um texto no gênero “resenha” pode ser mais difícil do que parece. Uma resenha bem escrita é aquela que mostra a capacidade de síntese do escritor sobre a obra artística que se tenta descrever, com as escolhas certas de palavras-chave e ideias representativas. Ou seja, escrever uma resenha requer o difícil trabalho de elencar no discurso tudo aquilo que for essencial e pertinente de modo a apreender o sentido geral da obra a ser descrita.


Tendo isso em mente, os alunos leram quatro contos consagrados da literatura contemporânea brasileira e começaram a produção escrita de suas resenhas. Confira abaixo o ótimo resultado desse trabalho:


“As Calcinhas Secretas” de Ignácio de Loyola Brandão


Sobre o autor: Ignácio de Loyola Brandão é um contista, cronista, romancista e jornalista brasileiro, vencedor do prêmio Jabuti de 2008. Produz uma literatura realista, de documento e denúncia. Faz parte da geração de 1970, que é conhecida como a geração de escritores que surgiu dos meios de comunicação. Sua literatura foi censurada durante a ditadura militar do Brasil.

“Venha Ver o Pôr do Sol” de Lygia Fagundes Telles

Sobre a autora: Lygia Fagundes Telles é considerada uma das melhores escritoras brasileiras do século XX. Advogada, romancista e contista, a escritora paulista ganhou diversos prêmios literários nacionais e internacionais. Ficou conhecida no mundo inteiro após a adaptação de “Antes do Baile Verde” ganhar um prêmio no festival de Cannes.

“O Nariz” de Luis Fernando Veríssimo

Sobre o autor: Luis Fernando Veríssimo é um escritor e humorista brasileiro nascido em Porto Alegre em 1936. Filho do consagrado escritor Érico Veríssimo, viveu sua infância e adolescência nos Estados Unidos, em função do trabalho de seu pai, que era professor da Universidade da Califórnia em Berkeley. É colunista do jornal O Estado de São Paulo e um dos escritores mais populares do Brasil.


“A Moça Tecelã” de Marina Colasanti

Sobre a autora: É uma escritora, jornalista e tradutora ítalo-brasileira. Nasceu em 1937 na colônia italiana da Eritréia, passou sua infância na Líbia e na Itália e emigrou para o Brasil em 1948, aos 10 anos de idade. Traduziu obras importantes da literatura italiana. Além de artista plástica é também ilustradora de seus próprios livros. Ganhou o prêmio Jabuti pelo livro “Passageira em Trânsito”.

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